Janusz Korczak - Meu sonho não tem fim

Janusz Korczak

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Janusz Korczak, pseudônimo de Henryk Goldszmit, nasceu em 22 de julho de 1878, filho de judeus ricos, liberais e assimilados à cultura polonesa. Seu pai era um advogado reconhecido e sua mãe já vinha de uma família progressista.

 

Avesso à disciplina escolar, passou a infância e a adolescência resistindo às regras institucionais da escola russa em que estudava e devorando obras da literatura universal. Sonhava ser escritor, mas pela insistência de seu pai, inscreveu-se no curso de medicina. Neste mesmo ano, seu pai veio a falecer, depois de um longo período atormentado por uma doença mental, que consumiu todas as economias da família. Para auxiliar sua mãe nas despesas de casa, dava aulas particulares e acalentava o desejo de tornar-se escritor participando de concursos literários. Em 1899, obteve uma menção honrosa com um drama assinado com o pseudônimo de Janusz Korczak, herói de um romance histórico polonês.

 

No verão de 1901, Korczak partiu em viagem para Zurique, a fim de aprofundar seus estudos sobre a obra de Johan Heinrich Pestalozzi, educador e filantropo suíço. O interesse de Korczak pelas crianças carentes e pelos fundamentos da educação já estava delimitado tendo ele, naquele mesmo ano de 1901, publicado um artigo intitulado “As crianças de rua”.

 

Em Zurique, Korczak conheceu Stefa Wilczinska, filha de uma família judia aristocrática de Varsóvia, que estudava pedagogia. Influenciado por ela, começou a freqüentar a faculdade de pedagogia e antes de voltar a Varsóvia, fez uma especialização em pediatria em Berlim, para depois assumir um posto em um hospital pediátrico de sua cidade e concluir seus estudos em medicina.

 

Em 1911, resolveu trabalhar no orfanato e lar para crianças pobres criado por Stefa em Varsóvia. Acumulando os cargos de médico e pedagogo, ele transformou, gradualmente, o orfanato em uma República de Crianças, organizada sobre os princípios da justiça, fraternidade, igualdade de direitos e obrigações.

 

Em 1912, ele realiza um grande sonho, inaugurando o orfanato “Lar das Crianças”, em uma rua habitada por judeus pobres de Varsóvia, a Rua Krochalna. O público alvo deste orfanato eram as crianças judias órfãs e carentes, que viviam abandonadas a marginalizadas pelas ruas da capital. No entanto, com o início da Primeira Guerra Mundial, em 1914, Korczak foi convocado para os serviços de pediatria de dois hospitais e a inspeção de três orfanatos em Kiev.

 

Ao regressar, Korczak reassumiu suas funções no Lar e, tornando-se nacionalmente conhecido, acabou sendo convidado a auxiliar na direção de outro orfanato para crianças católicas em Prushkov. Nesta época, ele iniciou também diversas atividades educacionais em revistas e rádios polonesas, paralelamente ao trabalho desenvolvidos nos orfanatos, além de escrever vários livros como “O Direito da criança ao respeito” (1929), que foi a base adotada pela ONU, trinta anos depois, para a formulação da declaração dos direitos das crianças, como parâmetro de atuação mundial para a infância.

 

Porém, a crise econômica deflagrada em 1929 e o fortalecimento das ideologias nacionalistas e totalitárias foram aos poucos destruindo ideais revolucionários. O recrudescimento do anti-semitismo em toda a Europa tornou cada vez mais difícil a situação para os judeus, sobretudo na Polônia, que ao ser invadida pelos nazistas, impediu a realização dos planos de Korczak junto a suas adoradas crianças.

 

Em 1940, tropas nazistas obrigaram as cerca de 200 crianças do orfanato judaico a mudar-se para o gueto de Varsóvia. Para apaziguar as crianças, Korczak disse-lhes que iriam a uma excursão e que elas, confiantes, deviam segui-lo sem choro e sem protesto, em fila e cantando. Durante sua permanência no gueto, ele usou toda sua energia, talento e influência para conseguir alimentos e medicamentos necessários para a sobrevivência de suas crianças.

 

Por ser um dos mais influentes educadores da Europa, Korczak recebeu diversas propostas para escapar do gueto, inclusive um salvo conduto de Adolf Hitler, no entanto, recusou-se a abandonar suas crianças, seus “pequenos filhos”. No dia 5 de agosto de 1942, foi enviado ao campo de concentração de Treblinka, juntamente com suas crianças e mais doze funcionários de seu orfanato, sendo executados numa câmara de gás ao chegarem ao campo de concentração.

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